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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

mesa de luz

















 
Era do Sr. Rolando a primeira que vi. A mesa de luz de um artista.

O Sr. Rolando é pai do Daniel, que sentava ao meu lado na escola. Aquele amigão.

A mesa de luz, parecida com aquela dos médicos olharem as fotos da gente por dentro, era mesmo de olhar os desenhos por dentro.

O Daniel também gostava de desenhar quando a gente ainda era criança. Talvez ele seja um pouco criança já que segue desenhando: o futuro com suas pesquisas sobre Alzheimer.

Eu definitivamente sou criança. Ainda e teimosa. Continuo procurando memórias inventadas. Para depois desenhá-las. E na falha da tentativa fazer desenhos inventados. E falhar. E tentar. E falhar.

Acho que foi quando acendi a luz. Apertei o botãozinho lateral e me lembro como fosse agora a surpresa de ver pela primeira vez as coisas que estavam por baixo.

***


Ainda sobre a mesa de luz...

O olhar divertido dos vizinhos.
Aquele passarinho me levava voando embora. Para um rodopio que não tenho visto.

É. Dá até para dizer: era bem poético ficar desenhando no vidro da janela. Deixar o sol mostrar o escondido no opaco do papel.

Mas agora já não sinto tanta dor nos braços.

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