Era do Sr. Rolando a primeira que vi. A mesa de luz de um artista.
O Sr. Rolando é pai do Daniel, que sentava ao meu lado na escola. Aquele amigão.
A mesa de luz, parecida com aquela dos médicos olharem as fotos da gente por dentro, era mesmo de olhar os desenhos por dentro.
O Daniel também gostava de desenhar quando a gente ainda era criança. Talvez ele seja um pouco criança já que segue desenhando: o futuro com suas pesquisas sobre Alzheimer.
Eu definitivamente sou criança. Ainda e teimosa. Continuo procurando memórias inventadas. Para depois desenhá-las. E na falha da tentativa fazer desenhos inventados. E falhar. E tentar. E falhar.
Acho que foi quando acendi a luz. Apertei o botãozinho lateral e me lembro como fosse agora a surpresa de ver pela primeira vez as coisas que estavam por baixo.
***
Ainda sobre a mesa de luz...
O olhar divertido dos vizinhos.
Aquele passarinho me levava voando embora. Para um rodopio que não tenho visto.
É. Dá até para dizer: era bem poético ficar desenhando no vidro da janela. Deixar o sol mostrar o escondido no opaco do papel.
Mas agora já não sinto tanta dor nos braços.
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